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DOENÇAS
DAS ORQUÍDEAS - PARTE II
Vírus
INTRODUÇÃO:
Além das doenças fúngicas e bacterianas, vista num capítulo
anterior, as orquídeas, a exemplo de outras espécies vegetais
e animais, são também atacadas por vírus, minúsculos
seres (alguns nanometros) que invadem as células, danificando seus
processos metabólicos e de multiplicação, o que acaba
por causar a morte das mesmas. Os vírus vivem exclusivamente às
custas dos processos metabólicos ou celulares de outros organismos,
não sendo ativos fora da célula (embora possam permanecer por
longo tempo, inativos porém infecciosos, em detritos vegetais ou mesmo
na água).
Embora seus efeitos muitas vezes pareçam menos graves, à primeira
vista, em comparação com o estrago causado por fungos como o
Pythium e bactérias como o Pseudomonas, é certo que as viroses
são as doenças mais graves das orquídeas, por sua facilidade
de disseminação, perdas de valor e impossibilidade de tratamento.
Assim, a única forma de controle, nos dias atuais, é a erradicação
das plantas atacadas, somado a outras medidas de prevenção de
contágio. Podemos afirmar, que após o grau de contaminação
visível atingir 20 ou 30% das plantas de determinada coleção,
o melhor é descartar e eliminar a coleção toda, pois
as chances são de que a maioria das plantas também está
contaminada, embora ainda sem sintomas.
TIPOS MAIS IMPORTANTES DE VÍRUS DE ORQUÍDEAS:
Até o presente, foram diagnosticados cerca de 40 tipos de vírus
que infectam as orquídeas. Destes, apenas alguns poucos produzem efeitos
prejudiciais, em nível comercial, às plantas. Por "nível
comercial", entende-se efeitos que possam prejudicar a apresentação
das flores, e o vigor da planta. Dessa forma, muitos vírus, embora
tenham sintomas claramente visíveis, não são considerados
de importância comercial, por não prejudicarem as florações
nem a produtividade (o vírus da "pipoca" nas folhas, comum
em Laelia purpurata, se enquadra nesse caso).
Dos vírus de importância comercial, existentes no Brasil, dois
se destacam:
CyMV - Cymbidium Mosaic Vírus
Muito embora seus efeitos sejam, a princípio, pouco aparentes, o CyMV
é o vírus mais perigoso para a coleção. Explica-se:
como apresenta sintomas menos "graves" do que o ORSV, muitas vezes
as plantas são dadas como saudáveis, o que propicia a extensão
da contaminação por toda a coleção. Quando se
percebe, a coleção toda já está perdida. Por esse
mesmo motivo, é o vírus mais comum nas coleções.
Ataca inúmeros gêneros, desde Cymbidium, até Cattleya
e Phalaenopsis.
Os efeitos deste vírus nas folhas são dificilmente detectáveis,
mas, seguindo o princípio geral (vide abaixo), ocorrem leves riscos
cloróticos nas nervuras. De modo geral, não atrapalha o crescimento
da planta, nem sua capacidade de floração.
Nas flores, não há sintomas, de início. Entretanto, passados
alguns dias (entre 7 e 15, dependendo da espécie), surgem riscos ao
longo das nervuras dos segmentos florais, fruto da destruição
do floema floral. Nas flores albas e amarelas, estes riscos são necróticos
(marrons). Nas lilases e vermelhas, são riscos esbranquiçados.
Muitas vezes, o dono da planta despreza estes sintomas, considerando que a
flor está simplesmente "passada". Entretanto, os sintomas
são claramente distintos da senescência natural ou mesmo a causada
por gases de etileno, que se caracterizam pela perda de substância dos
segmentos, e amarelecimento da ovário (pedúnculo).
O CyMV pode infectar uma planta, sem afetar sua produtividade ou vigor, por
muitos anos.
ORSV - Odontoglossum Ringspot Virus (syn. TMV-O)
Identificado primeiramente em Odontoglossum grande, causando lesões
circulares nas folhas, daí o nome. Este vírus, embora altamente
destrutivo, tem seu controle facilitado pelos seus sintomas, bastante característicos
e facilmente visíveis. Nas folhas, são manchas irregulares de
colorido vermelho a roxo (cuidado para não confundir com escurecimento
arroxeado causado por luminosidade alta, ou pintas roxas em plantas semi-albas
e algumas lilases e amarelas). Estas manchas ou pintas geralmente possuem
regiões necrosadas (mortas). Os brotos podem ficar aleijados (tortos,
fortemente pigmentados, e sem vigor). Nas flores, surgem manchas descoloridas,
com aspecto de "aquarela desbotada". Não confundir com falhas
de colorido de origem genética (variegata). Ocasionalmente, grandes
variações de temperatura podem provocar sintomas de "color-break"
idênticos aos provocados por vírus. Caso tenha ocorrido esse
fator climático, aguardar mais um ano, para verificar se o sintoma
se repete, para então ter certeza do diagnóstico.
Ao contrário do CyMV, o ORSV vai degradando o vigor da planta, terminando
por matá-la ao cabo de alguns anos (por inviabilidade de brotação).
DIAGNÓSTICO:
Para facilitar o diagnóstico visual, talvez ajude se mencionarmos que
a atuação dos vírus, de modo geral, nas plantas, se dá
por morte de células com carga viral elevada. Dessa forma, as estruturas
que entram em contato mais prolongado com o vírus são as primeiras
a serem lesionadas. Os vasos que conduzem a seiva, não conseguem mais
fazê-lo adequadamente, e morrem. Nas plantas, esses efeitos se mostram
como riscos necróticos (mortos) e cloróticos (amarelados) nas
nervuras, falhas de pigmentação nas flores (por "desnutrição"
dos tecidos florais durante a formação da flor), e aleijamento
de brotos (por interrupção da circulação de nutrientes).
É importante ressaltar que a sintomatologia descrita acima não
é definitiva. Há plantas que apresentam um ou outro dos sintomas,
sem estar necessariamente contaminada por vírus. Ocasionalmente, problemas
genéticos induzem a planta a produzir folhas e/ou flores com defeitos,
tanto de forma como de colorido. Intoxicação por gases poluentes
(nas áreas urbanas) e fitotoxidade de defensivos aplicados de forma
inadequada também provocam sintomas nas plantas, que não são
semelhantes aos de pragas e doenças conhecidas, e que, portanto são
muitas vezes atribuídas, erroneamente, a vírus. Por outro lado,
há plantas contaminadas que, por alguma razão, não apresentam
qualquer sintoma (o que não quer dizer que não possam infectar
outras plantas, que irão demonstrar sintomas). Apenas o diagnóstico
em laboratório pode dar a certeza da infecção ou não
de uma planta. Entretanto, cada sintoma que a planta apresentar é um
aviso de que pode estar infectada. A cada sintoma adicional apresentado, maior
a desconfiança. Assim, preventivamente, o melhor é tratar toda
planta que apresente algum dos sintomas descritos acima como suspeita, isolando-a
das demais. Se for uma planta valiosa, ou matriz para clonagem ou hibridação,
pode valer a pena mandar testar em laboratório especializado (embora
o custo seja elevado).
Não cabe no escopo deste trabalho descrever em profundidade os métodos
de laboratório, para diagnóstico de virose, mas segue um pequeno
resumo:
Bio-ensaio
Nesse teste, a seiva oriunda da planta suspeita é inoculada nas folhas
de determinadas espécies de plantas (principalmente Cássia occidentalis,
Datura sp, Chenopodium sp. e Tetragona expansa, para CyMV, e Gomphrena globosa,
para ORSV). Estas plantas não são infectadas sistemicamente
(na planta toda) quando contaminadas com ORSV e/ou CyMV, mas apresentam lesões
locais facilmente identificáveis. Alguns dias após a inoculação,
as folhas apresentam numerosos pontos necróticos, com características
específicas para cada tipo de vírus. Existem kits de teste à
venda, nos E.U.A.
ELISA:
É um ensaio imunológico (ELISA = Enzyme-linked immunosorbent
assay). Nesse teste, há uma reação serológica
(de soro sangüíneo animal) à presença de vírus
específicos. O diagnóstico é dado pela mudança
de cor da solução contendo o soro. Este ensaio é bastante
preciso e rápido, podendo ser aplicado em muitas amostras ao mesmo
tempo. Há também kits à venda, no exterior.
Microscopia Eletrônica
É o método mais direto de diagnóstico, onde a seiva suspeita
é tratada com corante especial, e visualizada num microscópio
eletrônico (+ de 50.000 x). As partículas de vírus são
facilmente identificáveis, de acordo com uma tabela descritiva. Este
método é o mais preciso, detectando vírus em concentrações
tão baixas a ponto de não serem detectadas por Bio-ensaio ou
ELISA. Entretanto, é muito caro, pela complexidade do equipamento.
FORMAS DE TRANSMISSÃO
Por definição, o veículo de disseminação
de vírus nas orquídeas é a seiva. Ou seja, qualquer ação
que ponha em contato a seiva de uma planta contaminada com a de uma planta
saudável, é uma forma de transmissão de vírus.
Por esse raciocínio, chega-se ao principal vetor de disseminação:
ferramentas de corte. Facas. tesouras, unhas, estacas, enfim, qualquer objeto
que possa provocar uma ferida na planta, são disseminadores de virose
por excelência. As próprias folhas, ao bater umas nas outras,
principalmente durante o transporte das plantas, podem espalhar a doença.
Os insetos, mesmo os sugadores como pulgões e cochonilhas, embora suguem
seiva, indo de uma planta para outra, não são considerados vetores
específicos para CyMV e ORSV. No entanto, transmitem alguns outros
tipos de vírus, também danosos.
Outras formas importantes de contágio são a mistura de raízes
entre plantas doentes e saudáveis (quando as plantas estão muito
próximas), e resíduos. O vírus, embora inativo fora da
célula viva (como na água e em resíduos), mantém
seu poder de infecção caso entre em contato com tecido vivo.
Em resumo, vasos, cacos e substrato contaminados, são fonte de contágio,
se forem usados em outras plantas. Da mesma forma, a água pode carregar
partículas de vírus de uma planta para outra.
O ORSV, embora uma variante do vírus do mosaico do fumo, é espécie
distinta. Por sua vez, o TMV (Mosaico do fumo) não infecta orquídeas.
Apesar de não haver contaminação de orquídeas
com ORSV através de contato manual de resíduos de fumo (cigarros),
há risco de surgimento de novos tipos de vírus comuns às
duas plantas. O vírus TMV está presente em alta porcentagem
do fumo produzido, e, por conseqüência, nos cigarros.
É preciso ter em mente sempre como se faz o contágio, ao se
recomendar medidas preventivas da disseminação de vírus.
TRATAMENTO:
As perguntas que surgem com maior freqüência no meio orquidófilo,
com relação a vírus, são: "O que devo fazer
para curar minha planta? Se não houver cura, o que faço com
ela?" As respostas, infelizmente, não são agradáveis.
Não há tratamento conhecido para eliminar a infecção
por vírus de uma orquídea. Há trabalhos em andamento
neste sentido, principalmente nos E.U.A., utilizando produtos como Interferon,
ainda sem resultados concretos e economicamente viáveis. Há
muitas pessoas que afirmam que conseguiram "limpar" uma planta,
seja com produtos químicos, seja expondo a sol pleno e outras teorias
mais ou menos fundamentadas em pesquisa científica. Não há
nenhuma "teoria" provada. Dessa forma, plantas com vírus
devem ser descartadas - se possível incineradas. Substrato, cacos de
drenagem e vaso destas plantas não devem ser reaproveitados. Plantas
contaminadas não devem ser doados (a não ser para pesquisa),
vendidos ou passados para outras pessoas de forma alguma.
Pode-se amarrar estas plantas nas árvores do quintal? É possível,
embora pouco recomendável. Embora não haja disseminação
dos vírus acima por picadas de insetos, o risco de ter plantas doentes
nas proximidades da coleção, podendo ser manuseados, cortados
com as mesmas ferramentas etc., é grande. É sempre melhor, porém
mais doloroso, eliminar plantas doentes.
Eliminação de Vírus por semeadura
Já foi exaustivamente comprovado que as viroses mais destrutivas nas
orquídeas, não são transmitidas pelas sementes (provavelmente
devido à ausência de estruturas de reserva na semente). Portanto,
pode-se utilizar uma planta doente como matriz, no intuito de obter-se descendência
sadia. Este recurso é freqüente entre colecionadores e profissionais
que utilizam plantas como matrizes para melhoramento e hibridação,
mantendo (em isolamento) determinadas plantas, mesmo sabidamente contaminadas.
Essas plantas são usadas como matrizes femininas (portadoras da cápsula
de sementes). Grifamos a palavra femininas, pois não se deve utilizar
pólen de plantas contaminadas, que pode transmitir a doença
para as saudáveis. As cápsulas devem ser colhidas maduras (já
fendidas), e as sementes retiradas sem utilizar objetos pontiagudos (apenas
abrir a cápsula e dar algumas leves pancadas, para que as sementes
caiam numa folha de papel). Nunca utilizar o sistema de semeio de sementes
verdes, oriundos de plantas infectadas, pois a ação da ferramenta,
ao raspar as sementes para colocação no meio de cultura, irá
ferir o tecido interno da cápsula, contaminando as sementes.
Eliminação de Vírus por Clonagem
Quando o Dr. Georges Morel inventou o processo de clonagem, na década
de 60, seu objetivo era produzir clones de batata isentos de vírus,
a partir de cultivares muito produtivos, porém infectados. Posteriormente,
em 1964, estendeu a pesquisa às orquídeas (Cymbidium), já
no intuito de produzir grandes quantidades de plantas idênticas, para
o mercado de flores. A lógica da eliminação de vírus
por clonagem era simples: já que os vírus das plantas iam infectando
as células à medida que a planta crescia, deveria haver um ponto
central de crescimento, onde o vírus ainda não houvesse chegado
a infectar as células. Esse ponto é o meristema apical, que
é o ponto de crescimento da planta, onde a divisão celular ocorre
com muita rapidez. Se esse ponto pudesse ser isolado e cultivado em laboratório,
poderiam ser obtidas plantas livres do vírus. No caso da batata, assim
como em outras culturas, o processo foi bem-sucedido, gerando lotes de plantas
idênticas, e saudáveis. Já nas orquídeas, houve
um problema. Como as orquídeas crescem de forma muito mais lenta do
que outras culturas, o tamanho do grupo de células saudáveis
é extremamente pequeno (menos de 0,5mm). Este fato torna extremamente
difícil obter protocórmios viáveis, se atendido o objetivo
de obter plantas saudáveis. Embora seja tecnicamente possível
(e tenha sido feito com Cymbidium), comercialmente não é viável.
O que significa que nenhum laboratório de clonagem produz lotes de
meristemas, livres de vírus, a partir de plantas contaminadas. Em resumo,
se a matriz estiver infectada, os mericlones, de modo geral, também
serão. Nesse ponto, é preciso chamar a atenção
para os seguintes fatos: a) No Brasil, a introdução dos 2 vírus
mais importantes, ocorreu na década de 60; b) Essa introdução
se deu, com certeza, através da importação de mericlones
infectados e c) a expansão destas doenças no Brasil se deu pela
proliferação da multiplicação via meristema de
plantas comercialmente desejáveis, sem os controles necessários.
PREVENÇÃO:
Já que não há tratamento, a única forma de evitar
a disseminação de vírus nas coleções, é
adotar procedimentos para 1) Identificar plantas doentes; 2) Evitar introduzir
plantas doentes no orquidário; 3) Eliminar plantas infectadas; 4) Prevenir
novas contaminações. De forma prática, seguem algumas
"regras básicas":
1 - Não adquirir plantas "de risco" (coleções
antigas, orquidários comerciais sem normas rígidas de controle
etc.)
2 - Aceitar presentes de "cortes especiais" com reservas. Manter
tais plantas isoladas por 1 ano, ou até que tenha feito teste em laboratório.
3 - Eliminar prontamente quaisquer plantas comprovadamente doentes com vírus;
4 - Isolar plantas suspeitas
5 - Desinfetar bancadas, removendo detritos (raízes mortas etc.), antes
de renovar com plantas novas;
6 - Não reutilizar xaxim, cacos ou vasos (vasos podem ser reutilizados,
se mergulhados numa solução de cloro a 20% por 2 horas, depois
secas ao sol)
7 - Manter limpo o local de plantio, não misturando xaxim velho com
novo etc.;
8 - Não replantar grande número de plantas num só dia,
principalmente se forem plantas adultas e antigas;
9 - Controlar pragas
10 - Manter distância entre os vasos (1/2 diâmetro do vaso);
11 - Embalar adequadamente plantas de exposição, para minimizar
atrito e feridas;
12 - Não manusear em demasia as plantas. Cuidado ao retirar partes
secas ou mortas, para não ferir as plantas;
13 - Não pendurar plantas umas sobre as outras;
14 - Não reutilizar água ou solução de fertilizante;
15 - Esterilizar ferramentas adequadamente;
16 - Não fumar no orquidário.
17 - Nunca andar pelo orquidário, com canivete na mão, cortando
flores e folhas, tirando mudas, etc., utilizando a mesma ferramenta.
A desinfecção de ferramentas de corte é o ponto mais
importante da lista, pois as ferramentas disseminam o vírus com grande
eficiência. Há vários métodos para esterilização,
que podem ser adotados de acordo com cada tipo de material da ferramenta:
1 - Fogo. Esse é o mais eficiente, seguro e barato. Tanto o CyMV como
o ORSV são permanentemente destruídos por exposição
a temperaturas acima de 150º C. por alguns segundos. Para atingir essa
temperatura, basta levar a lâmina ao fogo, em toda sua extensão,
por cerca de 15-20 segundos. Por dar melhor cobertura, dar preferência
ao fogo de gás, como o de fogão, fogareiro ou bico de bunsen.
Esse método tem o inconveniente de destruir a têmpera da ferramenta,
inutilizando-a após certo número de "queimas". Assim,
não é apropriado para tesouras de poda e outras ferramentas
de alto custo. Sugerimos utilizar facas pequenas, de aço inox (tipo
"verdura") e cabo de madeira, que tem custo muito baixo (cerca de
R$ 1), e resistência moderada ao fogo. Após queimar a lâmina,
passar a faca em água fria. Cuidado para não misturar facas
"usadas" com as já esterilizadas, na banca de plantio. Uma
boa opção é construir uma caixa de madeira, com dois
compartimentos, para receber as facas. No lado "limpo", pintar com
tinta verde, e, do outro (facas usadas), pintar de vermelho. Assim, vai-se
passando as facas do verde para o vermelho à medida que vão
sendo usadas, evitando confusão.
2 - Cáusticos. Outro sistema bastante eficiente, desde que aplicado
corretamente. Os produtos recomendados são as soluções
de cloro (que atuam por oxidação) e o fosfato trissódico
(que atua por elevação do pH). Deve-se optar por esterilização
por produto químico, quando a material da ferramenta não permitir
o uso do fogo (por ser de plástico ou alumínio). Para utilizar
solução de cloro, recomendamos o seguinte: diluir 300 ml de
solução concentrada de hipoclorito de sódio (cloro líquido
de piscina), em 700 ml de água pura. Manter essa solução
tampada sempre que não estiver sendo usada (pois o cloro evapora).
Passar água limpa na ferramenta antes de mergulhar no cloro (para remover
resíduos vegetais), deixar a ferramenta no cloro por 3-4 minutos, e
passar novamente água limpa corrente (não a mesma da etapa anterior...)
para tirar o excesso de cloro. Quando a solução de cloro ficar
muito suja, ou a cada semana, trocar por nova. Este sistema é ótimo
para tesouras de poda de aço inox, que se estragam rapidamente no fogo,
mas que tem boa resistência ao cloro. Para utilizar o TSP (fosfato trissódico),
fazer uma solução saturada (isto é, dissolver o sal de
TSP em água destilada até que não consiga dissolver mais
nada, restando uma camada de cristais no fundo do vasilhame. Manter sempre
saturada). O tratamento da ferramenta é parecido com o utilizado no
cloro, devendo permanecer mais tempo (10-15 minutos). Atenção:
ambos os produtos, além de ser corrosivos para as ferramentas, também
atacam a pele. Utilizar sempre luvas de borracha ao manusear estes produtos.
Há quem utilize o álcool para desinfetar ferramentas. Para eliminar
fungos e bactérias, pode ser eficaz. Para vírus, é insuficiente.
Flambar a ferramenta com álcool, também é ineficaz, pois
não se atinge a temperatura necessária.
NOVOS RUMOS:
Há muitos trabalhos de pesquisa em andamento, visando resolver o problema
das viroses em plantas em geral, e também nas orquídeas. Houve
algum progresso na eliminação de vírus em meristemas,
através do tratamento do meristema apical dissecado, com soro específico
para CyMV e ORSV, o que pode resultar na produção de mericlones
saudáveis a partir de matrizes infectadas. Mas a real solução
do problema passa pela criação de plantas imunes a vírus.
Esse processo de engenharia genética, que tem atingido resultados surpreendentes
em culturas como alfafa e tomate, consiste na introdução, no
núcleo da célula vegetal, de determinados genomas virais não-ativos,
tais como a "capa" do vírus. Na presença deste genoma,
o vírus não consegue se replicar, o que resulta na imunidade
da planta hospedeira. Para se fazer o transporte deste genoma, tem-se utilizado
uma bactéria causadora de galhas em plantas (Agrobacterium tumefaciens).
Usa-se a bactéria para introduzir o genoma viral na forma de plasmídeos
(DNA não cromossômico), e depois aplica-se bactericida para eliminar
a bactéria. Infelizmente o progresso nesse campo, aplicado às
orquídeas, tem sido mais lento do que o esperado, devido ao fato da
única bactéria possuidora da capacidade de transportar o genoma
de resistência (A. tumefaciens) ser específico de dicotiledôneas,
não sendo capaz de atuar nas monocotiledôneas, como as orquídeas.
Atualmente estuda-se métodos de injeção direta do genoma
viral no núcleo das células meristemáticas. Caso haja
sucesso nessa empreitada, poderemos ter, num futuro não muito distante,
clones transgênicos de orquídeas com resistência a vírus,
o que abrirá uma nova etapa na história da orquidofilia. Resta
esperar e torcer...
Compilado e editado por
Eng. Agr. Roland Brooks Cooke
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AUTORIZADO EM AGOSTO 2002
Orquídeas Werneck - http://edwerneck.tripod.com